sexta-feira, 26 de março de 2010

Silogismo de pobre.


Eu não pretendia postar nada por esses dias, mas hoje senti uma vontade indizível de postar as coisas que me acontecem naquela Universidade onde o vento faz a curva.

O dia tinha tudo, absolutamente tudo pra dar certo, ou quase tudo, porque aula dia de sexta não é lá um dos ingredientes essenciais para um dia perfeito.

O ato de ir pra aula foi tranquilo, o caso foi voltar.

Estávamos eu e uma amiga voltando para casa, andando até a pista para pegar o ônibus, primeiro sinal de pobreza, pegar ônibus (leia-se: Eustáquio Gomes)... Estávamos pra variar dizendo que deveríamos ter um carro e todos aqueles sonhos consumistas de duas pessoas que queriam chegar em casa dentro de meia hora, no ar condicionado e ouvindo música. Nesses casos o que nos resta é a imaginação e foi ai que surgiu todo o silogismo, todas as viagens loucas e o blá blá blá abaixo... Um genérico, do genérico do silogismo, com algumas premissas pobres também :P


1 - Existo, logo sou pobre .

2 - Me olho no espelho, logo percebo que sou eu, por isso sou pobre.

3 - Pego Eustáquio Ponta Verde, logo sou pobre.

4 - Vou em pé no ônibus lotado, logo sou pobre.

5 - Corro do meio da passarela como uma louca desesperada pra não perder o ônibus, logo sou pobre.

6 - Me aperto no meio do povo pra passar, logo sou pobre.

7 - Durmo no ônibus com a cabeça pendendo pro passageiro ao lado, logo sou pobre.

8 - Falo alto quando estou acompanhada, logo sou pobre.


E vários e vários silogismos cabem ai.


Hoje por exemplo, além de eu ter protagonizado os números 3, 4, 6 e 7. Quando faltavam 10 minutinhos pra chegar em casa, em frente ao marzão da Ponta Verde, o busão quebra, em plena chuva... Tenho que descer, andar e andar e andar pra o ponto mais próximo, com o cabelo desgrenhado, cara de sono, dor de cabeça e xingando até a quinta geração daquele Ser Amarelo e sem alma, porque se é verdade a teoria de que tudo nesse mundo tem alma, eu tenho absoluta certeza de que ele não tem. Tudo vingançinha barata por eu ter me separado dele, ele me paga caro da próxima vez, ainda não sei como, mas ele pagará.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Indignação Dominical.

Em um domingo qualquer, estava zapeando os canais de TV, na verdade, estava tentando a sorte, já que arranjar algo que preste dia de domingo é algo impossível, mas otimista que sou, tentei. Materializou-se na caixa de madeira, enquanto eu passava da Globo para a Record, uma velha, quase Jurássica batalha... Gugu x Faustão.
Na Globo, Faustão contava com a presença de Maitê Proença que não sei porque cargas d'água estava discursando sobre ética, dignidade, moral, senso crítico (peguei o papo pela metade). Ela falava com "autoridade", como se ela fosse a maior representante da dignidade desse país. Nada contra ela, mas também nada a favor, é do tipo de pessoa que nem fede nem cheira. O senhor Fausto Silva também estava super empolgado com um tema tão "polêmico", como se aquele fosse o momento "cultura e formação" de seus telespectadores. Ele tá tentando formar a opinião das pessoas, isso é óbvio, mas ele tava agindo como se não quisesse, como se fosse a coisa mais natural do mundo discutir "ética, dignidade e moral" ali no seu palco. As pessoas da platéia aplaudiam a dupla a cada frase de efeito, como se dissessem internamente: "Lindo! Concordo com tudo!" Ele tava tão preocupado com a consciência das pessoas que assim que acabou a conversa passou para as vídeo cassetadas, ele deve ter pensado: "Tá bom de pensar em assunto difícil, vamos agora ao entretenimento pra relaxar".
Do outro lado, "Gluglu" deixou de lado sua veia "engenheira arquitetônica" (quem não se lembra que no novo programa dele só passa construção de casas?), enveredou para um novo tipo de entretenimento que não era a desgraça alheia. O novo entretenimento consiste em trazer pessoas do povo para fazerem um número artístico, enquanto jurados célebres como Mara Maravilha ¬¬ julgam se a pessoa merece ou não ser considerado artista (que não faz arte, é importante ressaltar). As atividades artísticas eram: Dança do Créu, Dança do Ventre, crianças prodígios cantando (blergh! crianças prodígios) ou adultos mesmo cantando...Enquanto a platéia agita e grita e acha o máximo. Uma festa muito divertida ao vivo né? Não, definitivamente não.
O melhor de tudo é a cara de interesse forçado que os apresentadores têm por suas atrações magníficas, mas sendo compreensiva com essa atitude dissimulada, eu sei que eles ganham para fingir interesse, ou eles tem mesmo interesse e que se dane isso de fingimento, a coisa é real.
Em relação ao Gugu, não sei o que é pior, estar supostamente interessado e achando o máximo quem dança créu na velocidade 5 ou fazer quadros de construção de casas ou "de volta para a minha terra", que nada mais é do que a exploração da miséria das pessoas em rede nacional em busca de ibope. Podem reparar que só entra no ranking as histórias mais tristes, dramáticas e que mostram o sofrimento sem dó nem piedade. A desgraça dá audiência.
Futilidade da vida dos famosos, crianças contando piadas, fulaninha dançando o créu, Zefinha do sertão chorando e a câmera na cara dela, ex-BBB's pagando de intelectuais tentando analisar semioticamente suas respectivas participações no programa... TV e domingo são duas coisas incompatíveis e descobri que ODEIO com todas as forças da minha alma, programas de auditório, o apresentador dono da verdade e a platéia passiva assistindo tudo aquilo que não interessa a ninguém, como por exemplo "Gretchen fala de sua separação" (Fonte: Tudo é Possível, Record)...
Após esse breve instante de indignação dominical, desliguei a TV e fui ler um livro, muito melhor para minha sanidade mental.