quinta-feira, 4 de abril de 2013

Bandolim

Como fosse um par que 
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse 
Ao som dos bandolins...



Não que eu me importe com despedidas. Tampouco com verdades amargas ou mentiras sinceras. Não que dos meus olhos brotem lágrimas por você, mas essa valsa que agora ouço é particularmente triste. 

Não me resta nenhum desespero, nenhuma vontade suicida. Apenas a saudade, daquelas que dilaceram o peito, daquelas que cortam a alma. Não penso em mais nada, além de anestesiar minha solidão. 

Como fosse um lar
Seu corpo à valsa triste
Iluminava e à noite
Caminhava assim...



Ouço a valsa triste e rodopio sozinha no salão. Tropeço no meu vestido e caio, em prantos, exausta daquele amor que nunca dedicastes a mim.

Você saiu por aquela porta sem saber o quão impróprio foi seu abandono, o quanto de lágrimas deixou por aqui, o quanto de abraços não dados. Você seguiu e eu fiquei inerte, presa à sua imagem, presa à impossibilidade, presa à meus lamentos, presa à uma projeção. Nem de longe estou sendo pessimista.

Choro pelos acertos não comemorados, pelos erros cometidos, pelo valor não dado, pela renúncia não recompensada, pelo amor perdido, pelo respeito, esse item que esquecemos em cima de estante. Pelas minhas tentativas de dizer, com palavras tortas e incompletas, que você me fazia dançar. 

Como um par, que agora é ímpar, eu choro ouvindo a melodia do bandolim, que rasga cada pedaço desse coração vagabundo. 

Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos bandolins...








Oswaldo Montenego - Bandolins

2 comentários:

  1. Essa música é foda demais, puta que pariu

    ResponderExcluir
  2. Nossa, que lindo! No nível da música. Delicado e sensível e me fez sentir a dor da bailarina. Gostei muito. Botou pocando, Cecill!

    ResponderExcluir