Durante 6 meses mantive relações estreitas, estreitíssimas diga-se de passagem e no sentido literal da palavra com um indivíduo chamado Eustáquio PV. Nosso encontro era marcado, todos os dias ao meio-dia e no início da noite. Não era uma relação saudável, eu sofria muito dentro dele. Ele não era um amante fiel, todas as pessoas do mundo entravam nele e eu me sentia um pontinho de luz na escuridão, ou mesmo um pontinho de luz entre 56.789.105.321 pontinhos de luz por metro quadrado.
Ele me levava para conhecer lugares nada VIP'S de Massayó City. Ele não tinha bom gosto para lugares interessantes. Todos os dias eu encontrava aquele ser amarelo vindo em minha direção apontando no horizonte e eu estava junto dele sem pestanejar, feliz até, já que ele costuma atrasar para os nossos encontros diários. Ele costumava me deixar sem forças, sugar minhas poucas energias.
Eu perdia 2horas e meia do meu dia namorando-o. Eu não gostava dele e nem gosto, mas só o tinha como opção. Não podia me livrar tão cedo daquela obsessão psicótica compulsiva que ele sentia por mim. Era um tapa na cara quando ele passava pelos lugares nada VIP's e abrigava em seu interior pré-adolescentes insandecidos dignos de camisa de força.
Eu me sentia extremamente enciumada por ele abrigar todas aquelas pessoas e me esquecer num canto qualquer. Quando nosso encontro diário noturno acabava ele nem me dava tchau, eu ficava extremamente ofendida, mas no dia seguinte lá estava eu caindo novamente em seus braços amarelos.
Só que nas últimas semanas minha sorte mudou, conheci um amante maravilhoso chamado Eustáquio Iguatemi. Ele me entende, ele me leva à lugares interessantes, eu posso ser eu mesma, conservo minha individualidade e não me sinto um pontinho entre 56.789.105.321 de pontinhos por metro quadrado.
Nossos encontros são mais curtos, porém mais intensos e satisfatórios. Infelizmente ainda preciso encontrar meu ex Eustáquio PV no início da tarde, ainda o aturo, ainda olho na cara dele, porque nessa hora a paixão existente nele não é tão intensa e eu posso ficar no meu canto, sem ter que aguentar seus insultos.
Eustáquio Iguatemi não me deixa em casa, ainda perco uns quilinhos andando... Ele não é demais? Faço exercícios por causa dele! Ele é tão intenso! Não sei como não o conheci antes. Um dia ainda consigo me livrar para sempre do PV, assim estarei assinando a libertação da minha alma para sempre daquele inferno na Terra.
Ps: Sim, eu estou cuspindo no prato que comi.
Ps 2: Maldição ou não, depois que esse texto foi escrito acabei pegando um Eustáquio Iguatemi muito lotado e desconfortável num dia de chuva e de noite. Um pandemônio para chegar ao meu destino, como eu nunca havia presenciado.
Ps 3: Lotado ele ainda conseguia ser mais vazio do que o PV.
Ps 4: Coinscidência ou não, duas colegas leram o texto e pegaram o tal lata de sardinha, foi daí que surgiu a história de maldição.
Ps 5: Bem, seja como for é bom falar mal, principalmente desses transportes urbanos que vamos e convenhamos são um horror!
Ps 6 : Boa sorte em sua próxima condução.
Ps 7: E o Eustáquio passa por mim e quase que me implora para que eu o pegue, eu viro a cara e me nego, noto sua tristeza, mas não me importo com aquela vil criatura amarela e quadrada. Ele não faz mais meu tipo.