domingo, 13 de dezembro de 2009

Efeito Dominó.

Cá estou para falar mal da inclusão digital. Você pode dizer: "Inclusão digital não é algo ruim, essa garota só pode estar doida", mas eu continuo achando que é sim. Principalmente quando nos deparamos com quatro exemplares raros de natureza "Youtubiana".
Sthefany "linda e absoluta" (como ela mesma diz); sua rival Ximbica que faz questão de "enterrar" a piauiense em seu clipe entitulado "Ximbication"; Eric Augusto, que também tem um Crossfox e faz uma imitação barata da dona linda e absoluta, com direito ao velho narcisismo que esse povo arranjou não sei de onde, porque nem bonitinhos se pode dizer que são (cof...cof) e por fim o senhor Maxwell Rodrigues que anda de Rolls Royce e dá uma "resposta" a Sthefany como se ele fosse o homem que ela cansou de esperar no portão.
Começaremos por Sthefany já que ela é absoluta. Câmera na mão, internet, computador, um Crossfox, o quintal da tia e um terreno baldio qualquer... Pronto! É só juntar tudo, jogar na Rede e esperar a fama bater à sua porta. Não esquecendo da imensa criatividade para bolar versões toscas e cantá-las igualmente. A vítima da vez é "Thousand Miles", tadinho do compositor se visse o que estão fazendo com sua música, que não é nada "oh céus que espetacular", mas é algo decente e audível. A moça Sthefany nos faz uma lavagem cerebral ao proferir palavras e expressões do tipo: "linda", "absoluta", "eu sou demais"... E quando ela fala que vai sair em seu Crossfox pra se divertir, ela não pensa em fazer isso naquele terreno baldio não né?
É menina Sthefany, você já está famosa, já cantou na TV, até em Maceió você já teve... Que tal dar um tempo para nossos ouvidos? Embora eu creia que isso não será mais necessário, já que a pupila é artista (que não faz arte) de um hit só. Emplacou o Crossfox, mas os outros frutos de sua carreira (nada brilhante) não vingaram, a exemplo de "Blush, blush". Quando perguntada se era de Áries, ela disse que não, era do Piauí mesmo... Ok ok! Vamos ao próximo.
Ximbica! Um nome deveras ridículo que merecia uma análise, mas não agora. Foi por indicação de um amigo (O Derek), que Ximbica entrou em minha vida, mas ainda bem que não passou da porta. A moça em questão é estrela do clipe "Ximbication", versão de "Celebration" da Madonna. Ela é péssima, definitivamente, porém ela tem ritmo e não desvirtua a música original como faz sua rival acima e nem parece tão amador assim...Só que o fundo branco do vídeo, aquelas pessoas dançando freneticamente, ela com sua voz nada maravilhosa e sua letra de "profundidade introspectiva", não me deixa nutrir nenhum sentimento bom pela 'manceba.'
"Eu sou Eric", é assim que se chama a mais nova "sensação" do Youtube. Ele também tem um Crossfox é a cópia de sua musa, com direito a portão, banheira e toalhas caindo para mostrar as pernocas. Só que há um diferencial, ele consegue ser pior que a linda e absoluta. Alguém consegue ser pior que ela ... A humanidade está perdida mesmo (momento lágrima). O rapaz é especialista em superação, ele supera a si mesmo, se já era ruim imitando Sthefany numa versão "Macho Men" imagine ele imitando Michael Jackson, ele quebra toda e qualquer péssima expectativa. Em um momento da última "imitação" ele sai das telas do computador para falar com uma garota... Até hoje tenho pesadelos com a cena. Ah! E uma coisa chamada ritmo mandou lembranças para o nada belo moço.
Por fim, Maxwell Rodrigues em seu "Rolls Royce". Uma "resposta" para a senhorita Sthefany que supostamente o esperava no portão. O rapaz é "rico e bonito", como ele mesmo faz questão de salientar, diz que para ele mulher não vai faltar, tenho lá minhas dúvidas, mas enfim... Pelo menos as cenas de enquadramento do carro são bem feitas =x
Percebam agora que todos eles gravitam em torno de Sthefany: Ximbica virou sua rival declarada, Eric a tem como musa inspiradora e Maxwell é o homem que a deixou no portão. Efeito dominó, Sthefany começa e todas as outras merdas vem em cascata e tudo por culpa da inclusão digital.
Você pode até dizer: "Se não gosta, não veja", mas tem como segurar a curiosidade? A curiosidade me faz ver e a vontade de rir também, então eu vejo, não que isso vá acrescentar nem mudar nada em minha vida, mas o prazer de falar não tem preço.

domingo, 15 de novembro de 2009

Cansada de tanta babaquice.


Como já cantava Cazuza: "Estou cansado de tanta babaquice, tanta caretice, desta eterna falta do que falar". Estou cansada das bostas que passam na TV e vem estampadas nas revistas, da mediocridade cotidiana, da estupidez humana, do egoísmo, do narcisismo, da falta de amor, do conceito errado de felicidade, do vazio das relações interpessoais, da hipocrisia, das lágrimas de crocodilo, das novelas de elite...
Estou cansada das pessoas serem tratadas como animais e os animais, consequentemente, como nada. Estou cansada das ideologias esquerdistas fajutas para mudar o mundo, estou cansada do capitalismo selvagem e da coisificação do ser humano, da cultura inútil que circula nos meios de comunicação: "Não perca! Qual delas tem a maior bunda?" (segue a foto de duas mulheres de bunda grande, possivelmente uma delas é ex-BBB que está perdendo a fama e precisa urgentemente ser lembrada, mesmo que por seu traseiro pré-fabricado). Ou então: "De última hora! Veja quem comeu quem no Castelo de Caras!" ¬¬
Estou cansada de ver as pessoas morrendo de fome enquanto o presidente diz que em seu país ela não existe mais. O "companheiro" jura que com 65 reais do Bolsa Família, ops, estou sendo injusta, 68 reais (É..Houve um aumento """"significativo""""" de 3 reais), as pessoas conseguem suprir suas necessidades e ainda comer 3 vezes por dia.
Discursos lindos, cheios de termos difícieis que nos fazem acreditam no sonho da República Democrática que atende aos interesses de todos os cidadãos, que se tornam cidadãos porque possuem o direito de escolher seus governantes... No fim, eles não governam, nem representam nada além dos interesses de seu umbigo. Um cidadão é cheio de deveres e teoricamente de direitos, só que seus direitos básicos não incluem moradia, educação, muito menos alimentação... Seu único direito é colocar os farsantes no poder. E a tal utopia da liberdade de expressão? É piada não é? Você pode falar o que quiser de quem quiser, mas prepare-se para receber um processo ou mesmo uma "bala perdida" que sabia exatamente onde estava indo.
Os farsantes aparecem com ares de salvador que vem trazer o alívio para toda a miséria do mundo, com cara de quem possui compaixão e misericórdia pelos mais necessitados. Nenhum deles jamais deve ter passado fome para ter um pingo de remorso antes de roubar o dinheiro da merenda das crianças.
Um eterno blá blá blá, explicações esdrunjulas para os crimes mais hediondos, recorrendo à advogados igualmente inescrupulosos. Dá nojo ver essas carinhas no horário eleitoral, pedindo humildemente seu voto... Sinto vontade de jorgar uma bomba na TV, só é uma pena que a bomba não os atingirá, no máximo ficarei sem TV, o que não é uma má ideia, assim não vejo: a piada do horário eleitoral, o cabaré do Senado e a pornografia do "Conselho de Ética" (eita nominho contraditório).
Ah! Como eu poderia deixar de falar da Globalização e de suas "maravilhosas facilidades". Aquela casinha lá no meio do mato tem energia e antena parabólica para se conectar à "sociedade em expansão". As pessoas não podem matar a fome que os assola, não verão feijão e farinha por muito tempo, mas sabem "Viver a vida" e fazer "Caras e bocas". O entretenimento lhes é oferecido com fartura. Uma forma de fazê-los esquecer da própria miséria, embarcando no sonho da sociedade consumista (consumo que não poderão consumir).
Vamos relaxar! Esqueçamos os vermes e passemos para os "retratos da vida real", vulgo novelas. Quanta gente bonita, magra, bem resolvida, rica, viagens a Paris em 2 segundos... A violência não os atinge, andam com suas jóias e carros conversíveis tranquilamente pela cidade. O máximo que podem ter é uma briga com o namorado (geralmente por motivos imbecis), ou o marido/esposa terá um caso extraconjugal a novela inteira, o cônjuge descobrirá, eles brigam, passam o 'rodo' no elenco e depois descobrem que se amam profundamente e que é possível perdoar, um final feliz tem que ter, senão nos frustramos...
Queremos sempre ter essa tal felicidade, mas que felicidade? A felicidade vazia do ter e não do ser. Queremos ter tudo e evitamos ao máximo ser. Ser assume responsabilidades, ser requer sentir e sentir dá trabalho. Queremos viver, ir e acontecer, seja do jeito que for. Queremos ser notícia, se houverem holofotes, bajuladores e fotógrafos melhor ainda! A última moda é mostrar a "perseguida" nas revistas de todo o Brasil. A dita cuja é "acidentalmente" captada por um fotógrafo alerta. Aquelas famosas que vão às festas de micro vestidos, colados, transparentes e sem calçinha acabam em "flash"... Elas ainda querem processar quem fotografou. Falso moralismo não cola mais. Desconfio que não há como relaxar, tanto os vermes partidários quanto os artistas que não fazem arte me embrulham igualmente o estômago.
Falando nisso, ser lindo está na moda! Nada pode estar fora do lugar. Exibicionismo é a última prática do momento. Pessoas como manequins em vitrines, todos olham, todos se sentem atraídos pela perfeição quase inorgânica de um robô humano com gestos e sorrisos programados para agradar.
O Ser vive em função de seu ego. Quer ser amado, adorado, idolatrado, mas não quer sentir medo nem angústia que essa modernidade (ou pós, como já disse alguém), traz. Evitam olhar para dentro de si para não cair no profundo espanto de não ser uma máquina e sim um ser humano que já está com boa parte de sua humanidade desumanizada.
Ser humano é pensar, agir, reagir, ser ativo, se compadecer com a dor do próximo, não ser passivo diante da realidade que lhes é imposta. Ser humano é chorar, chorar de verdade e não lágrimas de crocodilo... Sentir tristeza, se sentir inconformado.
Por mais que queiram me provar o contrário, sei que sou uma pessoa e não uma máquina bruta e sem função, talvez até uma esponja que absorve ideias, valores...
"Penso, logo existo" e existo como Ser, como pessoa ativa e consciente de que o mundo sonhado existe, eu apenas não o vi ainda.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Direito de Inexpressão.


Sempre 'invejei' pessoas que dominam a arte da oratória. Pessoas eloquentes, desinibidas, de raciocínio rápido e grandes respostas na ponta da língua... Como se já tivessem tudo arquitetado em suas mentes, como se já soubessem cada ação do outro e para essa ação já houvesse uma reação à altura.

Morro de inveja de pessoas que sabem expressar seus sentimentos com clareza, são intensas, possuem armas escondidas para serem usadas na hora exata (essas pessoas sabem sempre quando é a hora exata), mantem-se firmes em suas decisões, mesmo quando são coagidas a mudar de lado. Tomam atitudes ousadas, possuem coragem para arriscar e são extremamente otimistas.

O teatro dos vampiros, chamado TV (como disse Renato Russo), é um bom exemplo disso. As pessoas são seguras, intensas, impulsivas, persuasivas, fazem belas declarações de amor do nada, discutem a relação como quem dá um "Bom dia", sorriem, choram, até as piadas seguem uma linha de raciocínio incrível. Não existe ninguém inseguro do outro lado da caixa de madeira.

Eu, mera telespectadora alienada, fico com meus velhos diálogos inconclusivos e minha incapacidade de olhar nos olhos quando algo sério está sendo tratado... "É...porque...aquilo que você disse...sabe? É justamente isso!". Toda essa "eloquência" seguida de olhares para o infinito ou para qualquer outra pessoa ou coisa que não seja a que estou mantendo a interação.

Esse conjunto de palavras e frases sem sentido adicionado ao olhar para o infinito, só me fazem sentir uma idiota incapaz de completar uma frase com nexo.

Por isso, visando mais aborrecimentos e sentimentos negativos por mim mesma, fujo desses diálogos como o diabo foge da cruz. Eles nos desgastam e nos obrigam a usar de toda a expressividade que não possuimos, na tentativa de parecermos maduros e inteligentes. Nos fazem ter que expressar coisas até então escondidas no fundo de nós mesmos e só reveladas ao amigo mais íntimo ou às vezes nem mesmo ao próprio travesseiro.

Sou defensora do "Direito de Inexpressão" como forma de sobrevivência. Isso nos ajudará a manter a auto-imagem resguardada de qualquer comentário a (des)respeito da visível falta de expressividade verbal. Palavra torta, melhor ficar calada.

O silêncio não vai nos trair. Pode ser que ele diga muita coisa, mas nunca será a confirmação que a palavra oferece, as palavras mentem, mas ainda assim apontam em uma direção. O silêncio deixa-nos suspensos no ar, com uma enorme interrogação bem no meio de nossas caras inexpressivas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fezes do Mundo Moderno.

A sociedade atual vem sendo tomada por bactérias, vírus, protozoários e toda gama de microorganismos possíveis, que podem constituir o tão famoso excremento humano.
Mesclarei ao longo desse texto alguns tipos de fezes com que convivemos cotidianamente e com as quais nos acostumamos com o fedor.
O 1º tipo é caracterizado pelos programas de televisão, exibidos aos domingos, para o querido trabalhador que passa o dia descansando com a família; os matinais para as dedicadas donas de casa aprenderem um novo prato ou uma nova dica de beleza ou mesmo os da tarde direcionados a todos aqueles desocupados nesse horário (pobres almas). Todos eles possuem algo em comum, são igualmente horripilantes, não importa o horário.
"Ô louco meu!", é verdade, só louco mesmo para assistir ao senhor Fausto Silva, creio que nem os loucos seriam capazes de tal insanidade. Um programinha medíocre, encheção de linguiça, de tempo, de saco para aqueles 'bravos' que se submetem a tal tortura. Celebridades abrem suas vidinhas interessantes no "Arquivo Confidencial", emocionante! (Tô até com lágrimas nos olhos)... Um caldeirão de ingredientes para deixar o indivíduo devidamente sentado em seu sofá, docilizado e alienado.
"Gluglu" segue a mesma linha "encheção de saco". Muda de emissora, mas não muda a cara, nem o conteúdo (se é que um dia isso existiu, desconfio que não), as mesmas coisas inúteis de sempre, o mesmo sensacionalismo barato, a mesma falta de graça...
Os humorísticos atuais também são responsáveis por essa "toletização" do mundo moderno. Quem acha graça naquilo? Vamos e convenhamos que são uma merda mesmo, no sentido literal da palavra... Eles imploram para que você ache graça! E pasmem! Você não acha... Bem vindo ao clube! (Vejo que nem tudo está perdido).
Sensacionalismo, desgraça... Filmando um presunto ao meio-dia estirado no asfalto. E ainda perguntam para a mãe do "presunto": 'Como a senhora se sente em relação a isso?' ¬¬ O que eles esperam ouvir? 'Ah! Estou muito feliz com o cadáver de meu filho sendo exposto na TV com a câmera bem na cara dele'. ¬¬º
A 2ª vertente das Fezes é "dignamente" representada pela péssima música que conquista multidões. Bandas que cultuam: "mulher gostosa", "gaia" e "cachaça"... Ou mesmo algo do tipo..É CALYPSOOOO!!! (não resisti =X). O que me conforta é saber que ainda tem gente que sabe apreciar uma boa música.
Hoje há um culto ao supérfluo, ao efêmero, ao inútil, valores impostos por uma indústria cultural, onde a arte vira mercadoria como um único objetivo, o comercial. As mentes não querem mais pensar, não deixam que ela pense... É dado um único direito... "O direito de inexpressão", ou seja, fique calado e concorde com tudo. Toda essa demência poderia se contornada, caso o homem se interessasse mais por questões relacionadas à sua própria existência.
E para fechar com chave de ouro falsificado, falaremos das 'magníficas revistas científicas', vulgo Caras, Capricho, Tititi, Malu etc. Suas manchetes são "Como ganhar o gato em 20 passos", "Casamento de globais no Rio", "Como perder 5 kg em 1 semana"... Blá blá blá.
Comentário para Caras: uma revista cara, longa, cheia de fotos forjadamente espontâneas, apenas encontrada em consultórios médicos na sala de espera, possuindo como única finalidade informar ao proletariado o que as pessoas ricas e famosas fazem. Quero dar uma dica pra você que não possui uma grande fortuna, compre uma Tititi, faz o mesmo efeito. "Por apenas 0,99 centavos você adquire um punhado de 'cultura' inútil e totalmente dispensável", não é o máximo? Quem não tem Caras, se contenta com Tititi... Fazer o que? O mundo é injusto mesmo!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Teatro dos Vampiros

Em uma segunda-feira ensolarada acordo para ir à cerimônia de abertura de um Fórum Estadual de Política contra as Drogas. Um tema deveras interessante, sem sombra de dúvidas. Fui chamada para ser uma das relatoras do Fórum, junto com outros estudantes de jornalismo, uma grande oportunidade para meu futuro profissional, já que, precisarei vir com certa freqüência a lugares como este para exercer minha profissão, assim já vou me familiarizando com o ambiente.
Vejo circular pelo auditório alguns rostos conhecidos, outros nunca vistos, entre anônimos e “pessoas públicas”, para não dizer, “queridos políticos de nosso Estado”, o que soaria no mínimo pornográfico. Eles desfilam com seus ternos, elas com suas roupas de marcas e suas jóias igualmente “marcantes” e brilhantes, seus cabelos são incríveis, quase não humanos. Em contraste, o populacho, sentindo satisfação enorme em estar ali entre tanto brilho, dando sua contribuição imaterial para o Fórum (o sentimento é verdadeiro, do povo, claro).
Sorriem, sorriem e sorriem para todos... Alguns se abraçam, outros trocam apertos de mãos e uma gracinha qualquer. Alguns poucos conversam sobre drogas, alguns com um discurso inflamado, outros neutros, beirando a inutilidade.
Espero que eles não discutam estratégias para apenas recuperar as pessoas das drogas, mas sim modos de prevenir seu uso, modos de resolver as mazelas sociais, a falta de oportunidade, de dignidade e falta de condição psíquica que afeta a tanta gente e que impede que suas vidas ganhem sentido... Espero sinceramente que as autoridades lembrem-se disso.
Vejo todo este cenário como um Teatro dos Vampiros ou uma peça romana, onde Patrícios e Plebeus coexistem pacificamente, a sorrir, todos de mãos dadas numa grande ciranda solidária. Posso estar percebendo equivocadamente, mas isso é o máximo que meus olhos conseguem ver... Pessoas cumprindo seus papéis sociais determinados, sem paixão em suas vozes, discursos frágeis, sem objetivo... Preocupados em mostrar seu apoio ao governo e não em resolver o problema em si, não enxergando o verdadeiro sentido daquele projeto... Mais uma vez repito, posso estar enganada e essas pessoas possuam apenas problemas de oratória e estejam de fato se importando com tudo aquilo, apenas não sabem transmitir seus reais sentimentos, me arrisco até a dizer que elas podem ser pessoas brilhantes mentalmente e não só nas jóias... Mas claro isso apenas uma remota possibilidade.
O que é difícil de aturar são esses pseudo-políticos que se acham alguma coisa, recusando-se a dar entrevistas porque é mais importante falar no celular, abraçar o “colega de profissão” ou mesmo exibir sua Louis- Vutton.
Infelizmente, a mídia depende de seus discursos politicamente corretos e no fundo iguais. Como se houvesse um livro onde eles lessem seus discursos e vomitassem as palavras lá escritas.
Acabaram de anunciar a chegada do vice-governador. Enquanto eu estou aqui escrevendo sobre todos eles, o vice brilha sob os holofotes com o glamour de uma celebridade. Ainda bem que não foi o governador que chegou, porque eu definitivamente não gosto dele e ele faz escolhas políticas equivocadas... O vice-governador disse que ele não compareceu à cerimônia, pois estava com virose... Alguém grita do meio da platéia: “É suína!” – o que provoca risos por todo o salão, muitos rostos sérios e impassíveis deram o ar da graça nesse momento.
E o que eu estava fazendo ali? Já disse! Criando estômago para minha futura profissão, pois além de talento é preciso estômago e ausência de asco para agüentar a todo esse cenário decadente e cheio de vampiros sugadores de população, a dançar diante de meus olhos.
Tenho que demonstrar no mínimo uma cara simpática, mas porque eu não consigo? Ou por via das dúvidas, esconder minha indignação e mostrar-me indiferente... O que não é nada difícil para mim.
Uma vereadora me cumprimentou como se me conhecesse, mas ela não dá a mínima para mim, assim como eu não dou a mínima para ela. Faz parte do show dela, eu entendo que atrizes são assim mesmo, quando estão “gravando” tem que ser o que não são... Ela socializou comigo por conveniência, o que não foi nada conveniente para ela, já que seu gesto rendeu umas linhas aqui nesse texto.
É conveniente ser simpática (mas não é conveniente ser falsa). Eu não ligo para conveniências e simpatias e me recuso a bater palmas a quem quer que seja... Eles não merecem que uma palma de minha mão toque na outra... A cada “nobre” político que se apresenta (chama-los de nobres é no mínimo paradoxal), retomando o assunto... A cada “não-nobre” político que se apresenta, as palmas vão ficando cada vez mais escassas e com o tempo são quase inexistentes... Sinal que a sabedoria apareceu na Terra como um corvo atraído pelo cheiro da carniça, parafraseando Friedrich Nietzsche.
Continua, breve: "Teatro dos Vampiros In Loco"

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um Ex chamado Eustáquio Gomes - Ponta Verde.

Durante 6 meses mantive relações estreitas, estreitíssimas diga-se de passagem e no sentido literal da palavra com um indivíduo chamado Eustáquio PV. Nosso encontro era marcado, todos os dias ao meio-dia e no início da noite. Não era uma relação saudável, eu sofria muito dentro dele. Ele não era um amante fiel, todas as pessoas do mundo entravam nele e eu me sentia um pontinho de luz na escuridão, ou mesmo um pontinho de luz entre 56.789.105.321 pontinhos de luz por metro quadrado.
Ele me levava para conhecer lugares nada VIP'S de Massayó City. Ele não tinha bom gosto para lugares interessantes. Todos os dias eu encontrava aquele ser amarelo vindo em minha direção apontando no horizonte e eu estava junto dele sem pestanejar, feliz até, já que ele costuma atrasar para os nossos encontros diários. Ele costumava me deixar sem forças, sugar minhas poucas energias.
Eu perdia 2horas e meia do meu dia namorando-o. Eu não gostava dele e nem gosto, mas só o tinha como opção. Não podia me livrar tão cedo daquela obsessão psicótica compulsiva que ele sentia por mim. Era um tapa na cara quando ele passava pelos lugares nada VIP's e abrigava em seu interior pré-adolescentes insandecidos dignos de camisa de força.
Eu me sentia extremamente enciumada por ele abrigar todas aquelas pessoas e me esquecer num canto qualquer. Quando nosso encontro diário noturno acabava ele nem me dava tchau, eu ficava extremamente ofendida, mas no dia seguinte lá estava eu caindo novamente em seus braços amarelos.
Só que nas últimas semanas minha sorte mudou, conheci um amante maravilhoso chamado Eustáquio Iguatemi. Ele me entende, ele me leva à lugares interessantes, eu posso ser eu mesma, conservo minha individualidade e não me sinto um pontinho entre 56.789.105.321 de pontinhos por metro quadrado.
Nossos encontros são mais curtos, porém mais intensos e satisfatórios. Infelizmente ainda preciso encontrar meu ex Eustáquio PV no início da tarde, ainda o aturo, ainda olho na cara dele, porque nessa hora a paixão existente nele não é tão intensa e eu posso ficar no meu canto, sem ter que aguentar seus insultos.
Eustáquio Iguatemi não me deixa em casa, ainda perco uns quilinhos andando... Ele não é demais? Faço exercícios por causa dele! Ele é tão intenso! Não sei como não o conheci antes. Um dia ainda consigo me livrar para sempre do PV, assim estarei assinando a libertação da minha alma para sempre daquele inferno na Terra.
Ps: Sim, eu estou cuspindo no prato que comi.
Ps 2: Maldição ou não, depois que esse texto foi escrito acabei pegando um Eustáquio Iguatemi muito lotado e desconfortável num dia de chuva e de noite. Um pandemônio para chegar ao meu destino, como eu nunca havia presenciado.
Ps 3: Lotado ele ainda conseguia ser mais vazio do que o PV.
Ps 4: Coinscidência ou não, duas colegas leram o texto e pegaram o tal lata de sardinha, foi daí que surgiu a história de maldição.
Ps 5: Bem, seja como for é bom falar mal, principalmente desses transportes urbanos que vamos e convenhamos são um horror!
Ps 6 : Boa sorte em sua próxima condução.
Ps 7: E o Eustáquio passa por mim e quase que me implora para que eu o pegue, eu viro a cara e me nego, noto sua tristeza, mas não me importo com aquela vil criatura amarela e quadrada. Ele não faz mais meu tipo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Uma "Caloura do 8° Período".

Numa tal universidade situada no fim do mundo, estava uma estudante discursando para os novos estudantes de Comunicação Social, ávidos por aulas e pelo novo mundo universitário que do lado de fora parece ser o paraíso.
" Caros calouros, sou uma caloura do 8º período. Muitos me perguntam como pode ser isso, digo-lhes que nesse tempo que passei aqui não tive um curso decente. Nunca me senti de fato inserida nesse tal ensino público superior. Por isso sou uma eterna caloura, mas sem o deslumbramento inicial, porém com o otimismo que tudo pode se ajeitar.
Nessa pequena cidade que chamamos de universidade federal o verbo 'comunicar' não existe. Faço comunicação, mas comunicar-me com as entidades superiores é o mesmo que nada. Fazem ouvido de mercador e promessas vagas que de que estarão resolvendo nosso problema, quando eles não se importam com nada. Já tem o salário garantido, seu emprego... E nós estudantes? Temos o que? Apenas o vislumbramento de um futuro que gostaríamos de protagonizar, mas que no fundo está um pouco distante de ser tornar real, não por falta de esforços pessoais, mas aqueles que deveriam ser os nossos representantes, aquelas autoridades que deveriam fazer o melhor por nós, na verdade "nunca sabem de nada", são cegos, surdos, mudos e hipócritas.
E vocês esperam o que da universidade? Desculpem-me, mas eu tenho que lhes desapontar... Nós não temos estrutura, laboratórios, professores e consequentemente aulas (o mínimo que uma instituição de ensino pode oferecer).
Mas vejam pelo lado bom... Vocês estão na Federal! Não é demais?
Vocês são a elite intelectual brasileira ou pelo menos futura elite, você possui status...
Vocês passaram na Federal, devem ser muito inteligentes, não é isso que papai, mamãe, vizinho, vovó, titia, conhecido, desconhecido dizem? E quando te perguntam qual o curso que você faz com aquela cara de "curiosidade"? E você dá um tapa na cara deles dizendo... Eu faço Jornalismo!
E todos eles se contraem numa cara de espanto por sua resposta não ser Direito ou Medicina.
Estar na UFAL já vale não é mesmo? Mesmo que você saia daqui sem saber nada, mas é formado pela federal. Já pensaram que moral?
E o assunto mais falado...O tal diploma. Todos fazem aquela cara de ódio quando lhe perguntam isso, eu também faço, é um assunto chato...
Diploma? Que diploma? Todos somos Jornalistas desde a maternidade! Qualquer um pode ser Jornalista, segundo os nada dignos ministros. E o que você está fazendo aqui? Já sei! É o tal amor pelo Jornalismo! Um amor incondicional! Quer dizer... que amor?
Como pode se sentir amor pela informação em um país desmemoriado? Como pode se sentir amor por formar consciências em um país que não lê, não se informa? Para que ser Jornalista nesse país onde as pessoas acreditam em tudo o que a Rede Globo manipula, sim, porque ela não informa, ela deforma.
E o pior! Ser Jornalista na província de Maceió. Onde os escassos meios de comunicação são controlados por políticos semi-analfabetos, ignorantes... Até um quadrúpede seria mais esperto que eles todos juntos e misturados.
Onde você vai trabalhar? Se você tiver QI (quem indique), tudo bem, você não morrerá de fome. Caso não, sinto muito... Você será apenas mais uma pessoa amante do Jornalismo. Salvo algumas excessões, não posso generalizar.
Calma! Eu não quero lhes desanimar, por mais que não pareça... Foi apenas um breve rompante de sinceridade e indignação pelo caos.
O que eu quero dizer é: Sejam todos bem-vindos! Lutem para ser "veteranos do 8º período" e claro, bons profissionais futuramente. É! Eu sei que a UFALida é desanimadora, longe demais, mas é a casa de vocês daqui para frente, por isso se quiserem ver uma universidade diferente, seja você a mudança que deseja.
Obrigada!"

Silêncio.

domingo, 9 de agosto de 2009

Faz-me gargalhar, porque rir é pouco.

Ele: A cumprimenta.

Ela: Retribui o cumprimento.

(A conversa permanece por um tempo em um nível civilizado discorrendo sobre banalidades cotidianas).

Ele: Sempre se achava no direito de manipulá-la como se fosse um fantoche à mercê de suas vontades. Ele se gabava de conseguir sempre o que queria e isso lhe dava segurança.

Ela: Sabia exatamente o que ele pensava e por isso sentia uma necessidade enorme de se vingar do FDP em questão e sabia exatamente como fazê-lo.

Ele: Dá uma brecha e ela começa a sua vingança arquitetada há poucos segundos.

Ela: Joga na cara dele sua enorme felicidade, faz questão que ele entenda bem que não precisa mais dele para ser feliz. Conseguia agora ser feliz por si mesma.

Ele: Aparentemente desesperado e chocado por ela ter conseguido se livrar da presença dele, tentava manter o auto-controle, mas estava claro que ela tinha conseguido quebrar-lhe as pernas. Começa então a reagir.

Ela: Percebe claramente suas intenções de querer virar o jogo e deixa que ele fale à vontade para depois dar outro golpe.

Ele: Fala de sua suposta felicidade que minutos atrás não existia e que só veio despertar por conta de "confissão" dela. Diz que agora sabe o que é ser feliz, amado e querido. Arrisca-se até a dizer que está dez vezes mais feliz do que ela está.

Ela: Dá então outro golpe. Com um sorriso cínico no rosto diz que a felicidade dela é querida por todos aqueles que nunca fizeram dele também querido. Todos reconhecem agora que ela é verdadeiramente feliz, só agora como em nenhum momento de sua vida ela conseguiu ser. Nem na presença de tão "apetecido" amigo que ele suponha ser, ela foi.

Ele: Está desnorteado e faz tentativas desesperadas de derrubá-la.

Ela: Acha tudo muito engraçado, ri por dentro, solta fogos de artifício interiormente, tudo isso escondido em sua cara de indiferença. Gargalha com tanta estupidez. Sentia-se de alma lavada, era disso que precisava, era essa sua doce vingança tão ansiada. Ele finalmente vai embora para o raio que o parta.

Ele: Com cara de quem está muito irado, mas tenta disfarçar e dar uma de maduro, de aduto, coisa que nunca foi e desconfia-se que não saiba o significado de tão estranha palavra. Claramente tentava despertar nela um sentimento de culpa, de arrependimento por tê-lo deixado ir, queria despertar algo que a fizesse desistir de sua felicidade.

Ela: Não sentia peso algum, tão pouco arrependimento. Sentiu-se aliviada. Livrou-se dele como quem tira um sapato apertado.

Ele: Faltando argumentos, ele retirou-se silenciosamente. Semblante de vitória, como se tivesse conseguido plantar dentro dela a semente da tristeza.

Ela: Respirou enfim com aquela ansiada partida. Não sentia tristeza, nem outra coisa qualquer. Nem de pena ele era digno. Um coitado! Egoísta e orgulhoso! Só isso. Tentava derrubá-la e cada vez mais só conseguia se afogar na própria estupidez.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A terceira vez a gente não esquece...

Cá estou eu em minha terceira tentativa de manter um blog, depois de cometer dois blogcídios dos quais não me arrependo. Não tenho muita paciência para estar postando, mas agora tentarei fazer um esforço sobrenatural para atualizar este.
Esse blog nasceu para que eu pudesse compartilhar minhas mais novas produções ácidas (nunca pensei que eu tivesse aptidões para isso), mas descobri que tenho e estou adorando esse novo modo de escrever.
Sim, "produções ácidas" é apenas um novo modo de dizer "falando mal", mas é isso que estou fazendo mesmo. Não adianta dizer que isso não leva ninguém a nada, leva sim! É relaxante! Todo mundo adora fazer isso, mas não assume revestindo-se de uma máscara hipócrita de bom moço ou moça.
Mas claro que eu não falo de graça. Eu não acordo um dia e digo "Hoje vou falar de fulano". Óbvio que não! Só pessoas selecionadas é que merecem meus textos. Selecionadas a dedo... Geralmente pessoas públicas que exercem algum poder na sociedade e com as quais eu tive o desprazer de conviver por um tempo.
Ou também, pessoas que não são públicas, depende muito da situação.
Pode ser que eu desvie do assunto um pouco, poste outros textos, beirando à introspecção. Nem eu escapo de meus dedos... Vejam só! Mas o que seria de mim, ou melhor, de nós se não fosse a auto-ironia?
Mãos à obra!