domingo, 3 de junho de 2012

Epifania I - A busca pela felicidade


Segunda-feira de manhã, sono, lembranças do fim de semana e uma xícara de café.Estava na janela da copa olhando os carros passarem, enquanto duas mulheres entravam na sala. Elas conversavam a respeito de uma terceira pessoa, um certo homem que tinha casado pela quarta vez. A primeira falou:

- Ele casou pela quarta vez! Não sei como ele tem coragem! Ele só faz do casamento uma coisa qualquer. Não gosta mais, separa. Absurdo! – disse indignada.

- Mas se ele não tava feliz por que continuar com ela? – perguntou a segunda incrédula.

- A questão não é felicidade. Quando estamos com alguém, precisamos conviver com os defeitos dessa pessoa e suportá-los. Principalmente se dependemos da pessoa financeiramente.

- Não acho – disse a segunda exaltada. Eu passei 15 anos com um homem que me dava de tudo e eu não precisava trabalhar. Eu estava com ele porque ele era bom comigo e não porque gostava e no que deu? Em nada, o deixei.

- Eu não acredito em amor e sei que os homens têm suas vidas secretas. Não me importo se eu não ficar sabendo.

- Então você aceita tudo, só pelo fato de não ficar sabendo?

- Seria muita humilhação se me contassem, prefiro ficar assim, não quero que fiquem falando de mim.

- Você não acha que eles já estão falando da mesma forma? Com a diferença que você não sabe. Não seria pagar de idiota?

- O que os olhos não veem o coração não sente. Se o cara tá comigo é porque quer estar, se não já tinha ido embora atrás das outras. Ele pode ter outras, afinal homem nunca fica com uma mulher só mesmo, ilusão pensar que sim. Apenas não quero que isso estrague nossa família ou que nossos filhos fiquem sabendo.

- Muito triste pensar assim, desculpe, mas eu busco a minha felicidade acima de qualquer coisa e não aceito ficar com alguém nessas condições. Se não quer, não gosta, separa essa coisa de ficar se impondo sofrimento não é pra mim.

Silêncio. As duas parecem que finalmente notaram minha presença e a segunda perguntou:

- Você não concorda comigo? – perguntou a segunda.

- Ah! Ela é muito jovem pra saber dessas coisas – interrompeu a primeira.

Eu sorri e disse para a primeira:

- Eu não concordo com você, esse seu pensamento é de quem já desistiu de tudo e está apenas sobrevivendo.  Não, eu não entendo a mecânica do casamento, mas entendo de busca pela felicidade.

- Entende nada menina! Quando você for mãe de família, precisar pagar suas contas, você vai ver que aguentar um homem por quem não se é apaixonada vai ser o menor dos seus problemas. Aproveite, enquanto você é livre para fazer suas escolhas.

- Que eu saiba você também é livre para fazer as suas. Afinal o que te prende? Filhos? Dinheiro? O problema da maioria das pessoas é escolher aquilo que é mais cômodo pra elas, se negam a uma nova chance e colocam a culpa em várias coisas, por não ter coragem de assumir nada. Deixar de lado tudo aquilo que tem um lugar programado em sua vida. Eu sei, é complicado, longe de mim dizer o contrário, mas antes de dizer que a vida está ruim, pense antes no que você tá fazendo para mudá-la. Eu nunca iria querer viver infeliz se a felicidade estivesse me dando a mão e me chamando pra segui-la. E se você prestar atenção, ela já foi atrás de você diversas vezes e você fechou a porta na cara dela.

Silêncio, máquina de café e olhares tristes. Achei melhor eu sair logo dali antes que as coisas piorassem. 

2 comentários:

  1. A verdade as vezes é exatamente aquilo que os outros preferem não ouvir...

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  2. Concordo com o Nathan e acho que cada um faz a sua própria felicidade.

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