Naquela noite chovia. Deitada na cama eu sabia que tudo se encaminhava para o fim. Eu construí um presente glorioso e um futuro que não mais me pertencia. A cada palavra, cada gesto, eu só sabia querer mais e mais o desconhecido. E eu apostava, dava tiros no escuro. Eu me jogava de cabeça naquele precipício.
Eu tinha plena certeza de que se eu me jogasse, ele me seguraria. Mas hoje não. Hoje não sei ao certo os pensamentos dele, tudo é uma névoa pairando sob meu olhar. Ele queria tanto quanto eu, mas hoje parece que o não-querer é recíproco.
Eu sofri no dia seguinte... Ah! Os malditos dias seguintes, deixam a gente com aquela sensação de que fez tudo errado, que fez tudo rápido, que meteu os pés pelas mãos. É uma ressaca moral, pior que qualquer drink barato.
Olhos marejados e aquela vontade de chorar presa no peito, a densa sensação de querer aquilo que não está mais ao meu alcance. Aquela tristeza pela beleza ter se transformado em dor. O motivo que outrora justificava toda a minha insensatez, agora é pó. Nada mais que uma lembrança daquilo que eu gostaria de ter sido e não fui. Tudo o que eu gostaria de ter vivido, tudo o que a gente poderia ter sido...Se resumia ali, naquele instante, eu com a cabeça no travesseiro e o pensamento em você. Meus meses, dias e horas abreviados em apenas alguns segundos, os segundos finais, onde toda a minha loucura seria esquecida e eu seguiria minha vida como se nunca tivesse olhado aqueles olhos e muito menos beijado aquela boca.
"Desde aquele dia, nada me sacia, minha vida está vazia, desde aquele dia/ Parece que foi ontem, parece que chovia/ Desde aquele dia, minhas noites são iguais, se eu não vou à luta, eu não tenho paz/ Não aguento mais, um dia mais, um dia menos são fatais (...) Eu só queria saber o que você foi fazer no meu caminho/ Eu não consigo entender, eu não consigo mais viver sozinho..."
"Eu tinha plena certeza de que se eu me jogasse, ele me seguraria..."
ResponderExcluirPode ter certeza que eu seguro!
:)