segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fora de mim, o silêncio. Dentro de mim, o caos

Sentimentos "Dom Casmurrianos" vieram à tona. Eu, como Bentinho, passo maus bocados ao pensar no que minha querida Capitulina fez. Éramos como um dia de sol azul e brilhante e nada era como seus cachos e sorrisos quando expostos aos raios solares. Eu sentia verdadeira adoração por aqueles olhos. Eu seria capaz de dar a minha vida por ela. Ela tinha me feito um homem menos sombrio. 

Foram tempos de verdadeira alegria sublime, tempos de amor e de glória. Tempos de eternidade. Só que minha querida Capitulina me magoou. Ela pouco fez do meu amor e procurou outro par. Ela esteve com Escobar... E eu de completo adorador, passei a rejeitá-la. 

Não queria mais aquele sorriso e aqueles olhos dissimulados. Eu sofri e ela bem sabe disso, sofri como um cão, ela sabe da minha propensão e entrega ilimitada à sentimentos sombrios. Ela sabe que sou triste. 

Uma noite, abri para ela todas as verdades, mágoas e desconfianças. Capitu me olhou como se eu fosse louco e disse da maneira mais linda que me amava e que jamais faria aquilo. Eu, paranóico que sou, não acreditei em uma palavra que saia daqueles lábios vermelhos. Eu sabia que se Capitulina quisesse, ela faria, eu sabia a mulher que tinha. Porém, a iminência da perda gera lágrimas e palavras que nem sequer podem existir. Eu não queria escutar, ela tinha estado com Escobar e isso me bastava.

Dias se passaram e o brilho da minha querida havia sumido. Ela não tentava me provar nada, falar nada, apenas mergulhou dentro de si mesma e lá ficou, sem lágrimas, nem choro, apenas com o olhar triste de que se perdeu em seu labirinto interior. Me trai na compaixão e como apaixonado e bobo, eu cedi aos seus encantos. Ela tinha conseguido me enredar mais uma vez.  Se tornou a melhor esposa do mundo, a mais dedicada, a mais atenciosa. E eu inerte sem saber se me entregava ou não àquelas demonstrações de afeto. O caos me consumia por dentro. 

Eu não ia matar Capitulina e muito menos me matar, mas penso que viver nessa amargura e desespero pode representar um tipo de morte.

Eu a deixei, não aguentei a dúvida cruel a guiar meus passos, não aguentei sequer olhar para aquela mulher feliz, enquanto eu anulado ao seu lado, convivia com suas vontades, seus caprichos. Eu, o homem que tudo perdoava.

Chegou uma hora que precisei ser forte, não me deixei levar por suas lágrimas e apelos, eu sempre me traio, deixo de lado minhas convicções, eu fraquejo diante de seus beijos. Mas hoje quero ser um homem só, ao lado de minhas verdades e convicções, minhas certezas e minha solidão.

Não, eu não tenho mais a minha querida Capitulina de olhos azuis e cabelos de anjo. Eu não tenho mais aquela que me deu a vida de volta e que agora trouxe a minha morte. 

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