sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Strawberry fields forever

Let me take you down
Cause I'm going to Strawberry Fields
Nothing is real 
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever...



É tempo de morangos, vem comigo. Correr através dos campos vermelhos, com bocas vermelhas a gargalhar. É tempo de colheita, otimismo e felicidade, tempo de frutos. Oh darling, please believe me. Quero músicas, sorrisos e amor.

Sombras e nuvens deixarão de existir quando formos para o campo de morangos. Quero estar presa no seu abraço e te ouvir dizer I wanna hold your hand, enquanto eu digo, come together, right now, over me.

Cante no meu ouvido: Hey Jude, don't be afraid...E eu não irei mais chorar, leve-me para o campo dos morangos, leve-me para sonhar, leve-me para a ilusão, a realidade dói.

Não quero mais ter que gritar: Help! I need somebody, help! Pois eu sei que All you need is love e eu também. Yesterday, all my troubles seems so for away e quero que continuem assim.

Cansada de todo o paradoxo, de todo yesterday, maybe tomorrow and really never. Eu quero aquele campo de morangos que Paul e John cantavam...Vem comigo procurar essa canção? 

Quero me lembrar de sorrir e esquecer-me de chorar, quero que o riso seja involuntário, não quero a hipótese da felicidade.

Sem olhos fundos, sem as marcas do tempo na alma. Vamos buscar os campos para sempre. É tempo de morangos...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Epifanias, nem sempre redentoras



Eu a procuro, eu me desconcerto, eu danço a sua música, ela não vem. Eu penso, eu não durmo, eu rabisco o velho caderno, eu olho a marca sob a pele, eu olho a letra, o verso e o poema, mas mesmo assim ela não vem. A tal verdade que liberta, aquele clarão na mente, aquele sopro interior, aquele tapa na cara. 

Sempre achei que ter uma epifania fosse como um gozo libertador, um grande orgasmo que me faria sentir leve, embora sem forças, com um semblante sereno. 

Hoje, não mais que na companhia de uma xícara de café e de uma parede branca, ela veio. Ela que tanto se escondeu resolveu passear diante dos meus olhos. Ela me trouxe a razão que eu precisava, aquele motivo que justificava tantas coisas. O motivo que me justificava. 

Percebi então, com dor e tardiamente, que tudo foi em vão. Não passou de um engano, de um deslize, uma pedra no meio do caminho. Nada mais. A razão está lá do outro lado da fronteira, com olhos perdidos no horizonte, despreocupados, sem sequer lembrar da desesperança que semeou. 

Eu do lado de cá, me atrevo a viver e encontrar uma razão, procurando sempre redimir, corrigir, encontrar aquela paz de espírito perdida nas noites insones onde eu escrevia cartas que nunca iria entregar.

Está tudo mais claro agora, pensei eu, ingenuamente, que deveria haver uma razão maior para tudo, talvez fosse culpa do destino tentando me provar algo ou a vida tentando me sorrir de uma nova forma torta e sem dentes, mas não, hoje eu entendi que a verdade nem sempre é libertadora. 

domingo, 2 de setembro de 2012

Cidadão modelo, burguês padrão...

Condicionada a desejar o convencional. Um futuro promissor, família, emprego e filhos. Presa às obrigações maçantes que me entregam ao tédio. Tudo bem, tudo que faço hoje terá uma recompensa futura, me alertam. Parece que quanto mais eu ando, mais distante fica...

Metas, planejamento, cobrança. Ser o que se deve ser: bem sucedido, vitorioso, o tal herdeiro da graça divina, como dizem os mais religiosos. Ir à igreja, rezar, esperar sentado que tudo se resolva. Encontrar nisso a paz de espírito, esperar das divindades a cura para todos os males, os do corpo e da alma.

Burguês padrão que paga os impostos, compra arroz e feijão, que assiste televisão no domingo pra esquecer os problemas da semana. Que tem alguém para mandar, uma vida pra ordenar, cidadão modelo, ético e correto, comprometido com os valores morais da família. Felicidade sem nenhuma hipocrisia, apenas um sorriso complacente no rosto, aceitando tudo aquilo que a vida lhe trouxe, sem nunca desviar do caminho do "bem". Defensor do meio ambiente, de uma dieta saudável e de uma vida serena.

E mesmo com  todas as receitas, como posso então não encontrar a felicidade desse modo? O que você me diria? Os mais ortodoxos diriam que é loucura, afinal o que eu poderia querer mais? Por que esse ar se posso ter uma vida prática e sensata? Pra que complicar tudo com essa coisa de sonhos e desejos? Se a tristeza vier, nada que um antidepressivo e uma sessão no psiquiatra não resolva. Afinal, tristeza é intolerada por você, por eles e por todos. Só tem tempo pra sonhar ou ficar triste quem não tem nada o que fazer ou o que buscar, não é isso que vocês vomitam por ai a torto e à direita?

Afinal, não há como não desejar o que todo mundo deseja, não há como remar contra a maré, não há como não saber o que se quer. Todo mundo sabe o quer, oras! (Será que sabem?)

Trabalhar, viver, sorrir, pagar as contas, agir como um robô... Quem evita pensar ou virar os olhos para dentro de si não tem tempo pra crise existencial.

Queria não ter que buscar por obrigação e sim por prazer, queria por um dia achar que não sou o centro das atenções, achar que fulano e beltrano estão assim por algo que falei, fiz ou algo que não sou...Queria me desligar, queria que me deixassem em paz, cobrassem menos explicações, o porquê disso e daquilo, como se eu devesse mesmo explicação ou como se fizessem o mesmo por mim. 

Por favor, menos verborragia. Não se preocupe, ficar calado (quando não se tem algo bom pra dizer) não vai te fazer inchar e explodir. Eu queria apenas ouvir o silêncio.

Eu queria que escutassem meu silêncio e silenciosamente me abraçassem.











segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Projetar, doutrinar, errar...

Não que todo esse blá blá blá dos que tentam me doutrinar me deixe deprimida, na verdade, eu não tenho tempo e energia para me importar com o recalque alheio. 

Projeções, cobranças, planos e sonhos dos outros. Sabe, é complicado ser quem não se é e mais complicado ainda correr atrás de sonhos que nunca foram meus. Eu me recuso. 

Desculpa se frustrei suas pretensões, mas eu não sou uma extensão sua. Eu penso, eu desejo, eu erro... Sabia que eu erro? Parece difícil pra você admitir isso. Eu sou humana e passível de erros. Humanos costumam fazer isso vez ou outra, claro que isso não se aplica a você, Mister Hipócrita, tão correto, honesto e sincero.

O mundo não anda fácil, nem digerível, às vezes a vida se parece mais com uma grande indigestão, existir dói como uma bofetada. E mesmo assim você ainda quer que eu me importe com suas lamúrias em relação a mim?

Eu já tenho minhas próprias dores, minhas tristezas... Ah, a tristeza! Suave companheira, não me cobra nada, só o direito de estar ali, legitimando seu direito de existir, tirando meus olhos do mundo e fazendo-me olhar para dentro.

Não quero cantar uma ode à tristeza (não agora), pois como já dizia Vinícius de Moraes: "É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração." Concordo, mas quero que você entenda que não terei um sorriso no rosto sempre que você quiser e quando me vir triste, que isso não seja para você como uma doença contagiosa, me isolando até que eu fique "curada."

Não tenha esperanças de encontrar o elixir da vida e me dá-lo de presente. Não se assuste se acaso me vir chorar. O choro é tão legítimo quanto o riso.

Não me venha com aqueles papos redentores de: "Se anime, tem gente em situação pior que a sua e não tá reclamando." Espíritos elevados, pessoas fortes, sei lá o motivo, mas é aquela história, cada um dá o que tem e se hoje eu só tenho a minha fraqueza para oferecer, para que reprimir?

Não sinto culpa, nem incômodo... É como se eu vivesse uma angústia existencial e fosse sempre em busca do sentido do ser. Filosófico, não?

Cazuza já dizia em seus versos: "Nessas horas pega mal sofrer...". Parece até uma anomalia, uma aberração.

Por que rejeitá-la tanto? Logo ela que só quer ter o direito a um lugar, logo ela, mola mestre de tantas criações geniais, deviam tratá-la com respeito, ao menos.

Não me prive da falta de euforia. Um dia a dor acaba e outra começa e a vida segue. Eu desconfio mesmo de quem é feliz demais.

     



"Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes a todos, a vontade
Assim, como sou, tenham paciência
Vão para o diabo sem mim
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo
Por que haveremos de ir juntos?"

(Trecho de Lisbon Revisited, de Fernando Pessoa, com o heterônimo de Álvaro de Campos)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Minha última quimera

Ninguém assistiu ao enterro de minha última esperança. Aquela que eu guardava lá no fundo como um tesouro. Eu quis que ela surgisse em mim como o sol em uma manhã sem nuvens, quis que ela fosse minha razão, que guiasse meus atos, me trouxesse ponderação e lógica. E hoje o que tenho? Ingratidão? Indiferença?

A esperança de que ela fosse voltar não existe mais. Serão assim as derradeiras coisas da vida? Irão silenciosas, sem que ouçamos seus passos e nos apercebamos de sua ausência? A falta e a mágoa vêm quando a esperança se vai. Quando o que é rotina, quando o que é compromisso se torna raro e depois some, como se nunca tivesse existido. Quanto ao vazio que fica, chega um momento que nem ele incomoda mais.

Há lágrimas, há dor, há orgulho. Como dizia Augusto dos Anjos: "A mão que afaga é a mesma que apedreja", uma espécie de dualidade natural da vida. Ou nem tão natural em certos casos. 

Demasiados erros, tentativas de acerto, recomeços, abandonos, estou tentando acertar, te parece retrocesso? Aprendi com você a lutar, a ter coragem e hoje a primeira alternativa pra você é desistir em nome de uma felicidade futura que nem sei se existe. Quem além de mim saberá o melhor? Em que outro peito bate esse coração que aqui dentro guardo? 

Você me ensinou a ter sonhos e não me importar com ninguém. Hoje vivo prisioneira de uma necessidade de aprovação insana, inclusive sua. 

O que é melhor? Ser hipócrita ou fraco? Fraco, leia-se: não tomar a atitude mais redentora aos olhos dos outros, mesmo me quebrando por dentro. Hipócrita, leia-se: dizer como devo agir, se você não faz igual e muito menos acredita no que me aconselha. 

Que mal eu fiz afinal? Mereço mesmo todas essas pedras? Esses olhares tortos? Essas críticas? Sim, eu sou forte, não vou desmoronar agora, o que tinha que cair já caiu, o que eu tinha que perder, já perdi.

Posso não ser tão boa quanto pareço, ou o melhor exemplo da coerência, mas as lágrimas que chorei pra você eram verdadeiras, assim como os sorrisos que dou hoje são verdadeiros. Posso não ter sido forte como você esperava, posso ter caído em tentação, ter insistido no meu "fracasso", posso até gostar do ar que a "idiotice" me proporciona, mas eu nunca deixei de ser eu, aquela mesma que você conheceu há anos, a que aos seus olhos sempre foi bipolar, estranha, indecisa, inconsequente e que dá passos largos rumo à infelicidade.

Felicidade é uma coisa relativa, não quero ser feliz só porque tenho que ser feliz, quero ser quando realmente sentir que posso, que simplesmente sou. Felicidade é um pouco de aceitação, amor-próprio e acima de tudo sinceridade com os sentimentos. Se agora, mais que nunca, de todo o coração, eu estou sendo sincera, o que custa você brindar comigo? Não concordar é um direito seu, mas antes da rejeição que você impôs, existia o incondicional e o significado da palavra é outro, bem diferente desse que você tá me fazendo viver. 



terça-feira, 10 de julho de 2012

Antes eu sonhava, agora já não durmo...

Já não durmo e se eu durmo, já não sonho. Acordada, sou um cadáver que se move por inércia. Já não há mais como sentir ou sequer pensar. As coisas passam através de mim e eu não durmo. Todas aquelas coisas das quais me arrependo e me culpo. 

Noites de sonhos intranquilos tentando arrumar os armários e as soluções para aquilo que já está aniquilado. Não tenho mais nada a escrever a respeito, nem sequer ouso ser simpática em meus versos, as palavras que outrora estragaram tudo, não vão conseguir consertar nada agora. Verdades podem ser cruéis, deve haver um modo mais ameno delas serem ditas... Se bem que modos mais amenos não mudam os fatos. 

Que horas são? Três? Quatro da manhã? Não tenho sono. No corpo, uma sensação de incompletude, de quase-fim, de interrupção, de meias verdades e meias palavras. Não tenho forças para lutar pelas verdades inteiras. A prosa é fraca, os versos são fracos, eu não quero me levantar daqui pra ir atrás dessas certezas. Elas poderão me derrubar ainda mais, talvez um nível abaixo do fundo do poço. Não sei lidar com verdades cruéis e eu sei que assim elas serão.

Lá fora, repousa absoluta a noite. Na madrugada, alguns esquecem suas mágoas e tristezas.  Eu acredito que elas fazem mais sentido quando deito minha cabeça no travesseiro. Queria ter esse dom de esquecer e ser um ser humano de alma elevada e espírito nobre que aprende com seus erros, eu queria simplesmente esquecer e seguir em frente, ou quem sabe, fazer diferente, mas não há como prever. 

Eu, madura, sábia e honesta... Não, não, quem sabe com mais algum tempo de prática, mais algumas empreitadas mal sucedidas, uns tapas na cara, eu aprenda finalmente a aceitar que errar faz parte da vida. Aprenda que nem sempre aquilo que desejo passar é o que realmente as pessoas percebem de mim. Acho que ainda consigo ser muito mais que os olhos veem, muito mais que um gesto impensado aqui ou uma frase tresloucada ali. 

Cansaço, isso é o que me define melhor. De quê? Não sei bem. Pra quê saber, não é mesmo? Não deixaria de estar cansada, ainda que os motivos fossem claros. Tenho essa tendência à entrega ilimitada ao absurdo. Boa notícia: ainda consigo sorrir, apesar da ferida ainda doer. Não, eu não falei em felicidade, isso é coisa para os mais afortunados, aqueles que tem o dom, sorrir e dizer que está tudo bem é mais fácil pra mim, não o mais correto, mas é o que eu posso fazer por mim hoje. 




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Parece que foi ontem, parece que chovia...

Naquela noite chovia. Deitada na cama eu sabia que tudo se encaminhava para o fim. Eu construí um presente glorioso e um futuro que não mais me pertencia. A cada palavra, cada gesto, eu só sabia querer mais e mais o desconhecido. E eu apostava, dava tiros no escuro. Eu me jogava de cabeça naquele precipício. 

Eu tinha plena certeza de que se eu me jogasse, ele me seguraria. Mas hoje não. Hoje não sei  ao certo os pensamentos dele, tudo é uma névoa pairando sob meu olhar. Ele queria tanto quanto eu, mas hoje parece que o não-querer é recíproco. 

Eu sofri no dia seguinte... Ah! Os malditos dias seguintes, deixam a gente com aquela sensação de que fez tudo errado, que fez tudo rápido, que meteu os pés pelas mãos. É uma ressaca moral, pior que qualquer drink barato.

Olhos marejados e aquela vontade de chorar presa no peito, a densa sensação de querer aquilo que não está mais ao meu alcance. Aquela tristeza pela beleza ter se transformado em dor. O motivo que outrora justificava toda a minha insensatez, agora é pó. Nada mais que uma lembrança daquilo que eu gostaria de ter sido e não fui. Tudo o que eu gostaria de ter vivido, tudo o que a gente poderia ter sido...Se resumia ali, naquele instante, eu com a cabeça no travesseiro e o pensamento em você. Meus meses, dias e horas abreviados em apenas alguns segundos, os segundos finais, onde toda a minha loucura seria esquecida e eu seguiria minha vida como se nunca tivesse olhado aqueles olhos e muito menos beijado aquela boca. 


"Desde aquele dia, nada me sacia, minha vida está vazia, desde aquele dia/ Parece que foi ontem, parece que chovia/ Desde aquele dia, minhas noites são iguais, se eu não vou à luta, eu não tenho paz/ Não aguento mais, um dia mais, um dia menos são fatais (...) Eu só queria saber o que você foi fazer no meu caminho/ Eu não consigo entender, eu não consigo mais viver sozinho..."

segunda-feira, 11 de junho de 2012

É Clarice, é Neruda, é Augusto...

Dúvidas minhas. Certezas. Conselhos. Horas a frio. Dúvidas cruéis. Rancor. Orgulho. A sanidade ou a felicidade?

Clarice aberta na página 61 me diz: "Ria por não ter se lembrado de chorar..." - Rir para espantar o mau hábito de chorar, rir pra ninguém vir me encher o saco com consolos e palavras que eu já sei onde vão dar - lugar nenhum. Forjar uma felicidade que não existe, usar uma máscara. 

Uma xícara de café e Pablo Neruda: "Posso escrever os versos mais tristes esta noite...", não eu não poderia, eu não iria, eu vou te escrever. 

Tudo fora do lugar. Tudo incomum. Essa chuva. Essa noite. Me mandam ser forte e não derramar lágrimas.  A dor é interior. A dor é física. Minha cabeça gira. Minha cabeça dói. Nando Reis me diz: "Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava?".

Mando ele calar a boca e ele me rebate: "Dona dos meus olhos é você, avião no ar...". Desligo o som. Ouvir isso é querer tripudiar de mim mesma. 

Dor no corpo, na cabeça e na alma. Chá de camomila e calmante. Olheiras que ostento de minhas noites mal dormidas. Sorrisos que coloco no rosto quando quero na verdade chorar. Todos me dizem: Você deve estar bem, nem chora, nem nada... Ah, se eles perguntassem ao meu travesseiro. 

Mais uma xícara de café e Augusto dos Anjos me diz: "Acostumando-me à lama que me espera/ Eu sou um poço de "quem dera"/ A incerteza em seu lugar/ E a tristeza faz do coração morada/ A paixão desabrigada/ busca n'outro peito um lar..."

É Clarice. É Neruda. É Augusto. É café. É dor. É música. É mágoa. É Camelo cantando no meu ouvido: "Paz, eu quero paz (...) que não demora pra essa dor sangrar". Alguém avisa a ele que já sangrou? Tem mais jeito não. O estrago já tá feito e enquanto não arrumo um modo de calar meu peito: "Navegando eu vou sem paz,  sem ter um porto, quase morto sem um cais..."

Sem SMS. Ligação. Celular. Ninguém vai me ligar e trazer a boa nova de que tudo isso não passa de um pesadelo. É tudo real. Não adianta esperar que o impossível aconteça. Resta eu e minha dor. Companheira até o fim. Companheira até a morte. 






segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fora de mim, o silêncio. Dentro de mim, o caos

Sentimentos "Dom Casmurrianos" vieram à tona. Eu, como Bentinho, passo maus bocados ao pensar no que minha querida Capitulina fez. Éramos como um dia de sol azul e brilhante e nada era como seus cachos e sorrisos quando expostos aos raios solares. Eu sentia verdadeira adoração por aqueles olhos. Eu seria capaz de dar a minha vida por ela. Ela tinha me feito um homem menos sombrio. 

Foram tempos de verdadeira alegria sublime, tempos de amor e de glória. Tempos de eternidade. Só que minha querida Capitulina me magoou. Ela pouco fez do meu amor e procurou outro par. Ela esteve com Escobar... E eu de completo adorador, passei a rejeitá-la. 

Não queria mais aquele sorriso e aqueles olhos dissimulados. Eu sofri e ela bem sabe disso, sofri como um cão, ela sabe da minha propensão e entrega ilimitada à sentimentos sombrios. Ela sabe que sou triste. 

Uma noite, abri para ela todas as verdades, mágoas e desconfianças. Capitu me olhou como se eu fosse louco e disse da maneira mais linda que me amava e que jamais faria aquilo. Eu, paranóico que sou, não acreditei em uma palavra que saia daqueles lábios vermelhos. Eu sabia que se Capitulina quisesse, ela faria, eu sabia a mulher que tinha. Porém, a iminência da perda gera lágrimas e palavras que nem sequer podem existir. Eu não queria escutar, ela tinha estado com Escobar e isso me bastava.

Dias se passaram e o brilho da minha querida havia sumido. Ela não tentava me provar nada, falar nada, apenas mergulhou dentro de si mesma e lá ficou, sem lágrimas, nem choro, apenas com o olhar triste de que se perdeu em seu labirinto interior. Me trai na compaixão e como apaixonado e bobo, eu cedi aos seus encantos. Ela tinha conseguido me enredar mais uma vez.  Se tornou a melhor esposa do mundo, a mais dedicada, a mais atenciosa. E eu inerte sem saber se me entregava ou não àquelas demonstrações de afeto. O caos me consumia por dentro. 

Eu não ia matar Capitulina e muito menos me matar, mas penso que viver nessa amargura e desespero pode representar um tipo de morte.

Eu a deixei, não aguentei a dúvida cruel a guiar meus passos, não aguentei sequer olhar para aquela mulher feliz, enquanto eu anulado ao seu lado, convivia com suas vontades, seus caprichos. Eu, o homem que tudo perdoava.

Chegou uma hora que precisei ser forte, não me deixei levar por suas lágrimas e apelos, eu sempre me traio, deixo de lado minhas convicções, eu fraquejo diante de seus beijos. Mas hoje quero ser um homem só, ao lado de minhas verdades e convicções, minhas certezas e minha solidão.

Não, eu não tenho mais a minha querida Capitulina de olhos azuis e cabelos de anjo. Eu não tenho mais aquela que me deu a vida de volta e que agora trouxe a minha morte. 

domingo, 3 de junho de 2012

Epifania I - A busca pela felicidade


Segunda-feira de manhã, sono, lembranças do fim de semana e uma xícara de café.Estava na janela da copa olhando os carros passarem, enquanto duas mulheres entravam na sala. Elas conversavam a respeito de uma terceira pessoa, um certo homem que tinha casado pela quarta vez. A primeira falou:

- Ele casou pela quarta vez! Não sei como ele tem coragem! Ele só faz do casamento uma coisa qualquer. Não gosta mais, separa. Absurdo! – disse indignada.

- Mas se ele não tava feliz por que continuar com ela? – perguntou a segunda incrédula.

- A questão não é felicidade. Quando estamos com alguém, precisamos conviver com os defeitos dessa pessoa e suportá-los. Principalmente se dependemos da pessoa financeiramente.

- Não acho – disse a segunda exaltada. Eu passei 15 anos com um homem que me dava de tudo e eu não precisava trabalhar. Eu estava com ele porque ele era bom comigo e não porque gostava e no que deu? Em nada, o deixei.

- Eu não acredito em amor e sei que os homens têm suas vidas secretas. Não me importo se eu não ficar sabendo.

- Então você aceita tudo, só pelo fato de não ficar sabendo?

- Seria muita humilhação se me contassem, prefiro ficar assim, não quero que fiquem falando de mim.

- Você não acha que eles já estão falando da mesma forma? Com a diferença que você não sabe. Não seria pagar de idiota?

- O que os olhos não veem o coração não sente. Se o cara tá comigo é porque quer estar, se não já tinha ido embora atrás das outras. Ele pode ter outras, afinal homem nunca fica com uma mulher só mesmo, ilusão pensar que sim. Apenas não quero que isso estrague nossa família ou que nossos filhos fiquem sabendo.

- Muito triste pensar assim, desculpe, mas eu busco a minha felicidade acima de qualquer coisa e não aceito ficar com alguém nessas condições. Se não quer, não gosta, separa essa coisa de ficar se impondo sofrimento não é pra mim.

Silêncio. As duas parecem que finalmente notaram minha presença e a segunda perguntou:

- Você não concorda comigo? – perguntou a segunda.

- Ah! Ela é muito jovem pra saber dessas coisas – interrompeu a primeira.

Eu sorri e disse para a primeira:

- Eu não concordo com você, esse seu pensamento é de quem já desistiu de tudo e está apenas sobrevivendo.  Não, eu não entendo a mecânica do casamento, mas entendo de busca pela felicidade.

- Entende nada menina! Quando você for mãe de família, precisar pagar suas contas, você vai ver que aguentar um homem por quem não se é apaixonada vai ser o menor dos seus problemas. Aproveite, enquanto você é livre para fazer suas escolhas.

- Que eu saiba você também é livre para fazer as suas. Afinal o que te prende? Filhos? Dinheiro? O problema da maioria das pessoas é escolher aquilo que é mais cômodo pra elas, se negam a uma nova chance e colocam a culpa em várias coisas, por não ter coragem de assumir nada. Deixar de lado tudo aquilo que tem um lugar programado em sua vida. Eu sei, é complicado, longe de mim dizer o contrário, mas antes de dizer que a vida está ruim, pense antes no que você tá fazendo para mudá-la. Eu nunca iria querer viver infeliz se a felicidade estivesse me dando a mão e me chamando pra segui-la. E se você prestar atenção, ela já foi atrás de você diversas vezes e você fechou a porta na cara dela.

Silêncio, máquina de café e olhares tristes. Achei melhor eu sair logo dali antes que as coisas piorassem. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Perecível


Segundo o dicionário, perecível é tudo aquilo sujeito a alterar-se, a extinguir-se. Os alimentos são um bom exemplo de produtos perecíveis. Se não conservados em condições ideais podem estragar pela ação dos microorganismos que os decompõem. 

Assim como os alimentos, pode ser o amor. Se não cuidado, se não sob condições favoráveis pode se decompor e os desavisados que o consumirem, podem sofrer intoxicação, ou no caso do amor, decepção. Aquele sentimento incontrolável que surge quando comemos uma coxinha estragada, ou no caso, quando percebemos que a pessoa que está ao nosso lado é esse alimento estragado, só que ai já é tarde, pois o consumimos por inteiro e boa parte dele já está em nós. Não há mais como expulsar, resta-nos sofrer as consequências, esperar que tudo nos corroa, que tudo nos doa, para enfim alcançar a paz. 

Talvez assim mesmo seja o amor. Difícil conservar aquilo que se pode estragar facilmente se deixado de lado, sem conserva e cuidado. Talvez assim mesmo seja o amor. O amor que é fome, o amor que é alimento, o amor que pode ser veneno para quem consumi-lo depois que estraga...

Os aditivos alimentares, por exemplo, são substâncias adicionadas aos alimentos com diversas finalidades, como: conservar, realçar o sabor, dar cor, melhorar o aroma e adoçar. Talvez disso seja feito o amor que tem a função de tornar tudo mais doce e alegre. Se não cumpre a função, do que adianta mesmo amar? O amor é o imperecível, o infinito. Nos mazelamos por conta do perecível, choramos pelo que não tem solução com lágrimas, esse não é o caminho se quisermos encontrar o imperecível. 

Encontrar um outro caminho, outra sintonia, outro canal, parece-me mais válido. Quem sabe nele não esteja escondido o imperecível? Esse imperecível que é a metamorfose do perecível regados com sentimentos de eternidade. 




"Amar o perecível, o nada, o pó, é sempre despedir-se" (Hilda Hilst)





sábado, 5 de maio de 2012

No dia em que tudo parou

 Há dias venho sonhado com o que não existe. Mergulhada em uma atmosfera onírica, me desligo do mundo ao redor. Logo eu, tão racional para certas questões, estou aqui idealizando e esperando um sonho acontecer. A perfeição que existe dentro de mim, enfim se tornar real. 

     
Há dias, tudo parou. Fiquei presa em um momento passado, no alto de um edifício olhando as luzes da cidade passarem. Ouço uma música me chamar, ouço gargalhadas ao redor, ouço o vento, mas é como se eu estivesse paralisada diante daquele momento, como se ali eu tivesse encontrado uma espécie de felicidade, como se diante de todos ali, eu me sentisse maior, mais viva e brilhante.

Se tudo em mim corria, naquele dia parou. Desacelerei a mente e o coração, acalmei a alma que jogou fora tudo o que era sujo e se vestiu de nova partindo ao encontro do sonho. Ele não era mais uma imagem difusa e sem sentido, era o real, estava ali, bem diante de mim, esperando que eu o levasse comigo.

Já dizia Freud em sua teoria sobre almas gêmeas: Existem muitas pessoas das quais você pode gostar, se apaixonar, mas reconhecerás tua alma gêmea quando vires um ponte de luz bem acima do ombro da pessoa, ai sim, será a prova de que é mesmo ela... Eu vi tantos pontos de luz, na pessoa e ao redor, o que será que isso quer dizer?

Eu não precisaria de teorias para explicar o que aconteceu, bastava lembrar do sábio conselho que minha bisavó me deu há 8 anos e que nunca mais esqueci: Esteja junto de alguém com quem você goste de conversar, que seja de agradável companhia, alguém que você saiba que vai te apoiar, te confortar e que faça de tudo para não te ver chorar. Um dia, você e ele vão ficar velhos, não terão mais corpos bonitos e saudáveis, vai sobrar dores e doenças, mas se você tiver ao lado do amor da sua vida, isso vai se tornar bem mais suportável, você vai sentir até alegria em viver". Lembro-me bem como eram felizes, mesmo depois de 65 anos juntos, se olhavam todos os dias como se tivessem acabado de se apaixonar. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

A amargura do otimismo


"Felicidade acima de tudo", "Sorria sempre", "Alegria alegria", quem me conhece sabe que esses nunca foram meus lemas de vida. Sempre pendi pro lado obscuro da força. Triste, deprimida, amargurada, mas pessimista jamais! Contraditório ser tudo isso sem ter o básico de um bom e velho ser humano deprimido: o pessimismo!

Mesmo afogada na lama eu sabia que algo ainda poderia dar certo, lá no fundo eu via uma luz, estranhamente eu via. Quando as raras forças apareciam, eu lutava como se não houvesse amanhã.

Talvez essa ausência de pessimismo tenha me feito chegar onde cheguei. E não, isso não é nem de perto uma comemoração.

A ausência do pessimismo não me deixou enxergar o óbvio, você era um erro. Aquele tipo de erro que só seres humanos amorosamente cegos conseguem cometer. Aquele tipo de erro que por mais errado que esteja, insistimos em transformar em acerto. Dando sempre um jeito de encontrar flores em meio aos escombros.

Como ver em você um erro, se eu só me dispunha a enxergar suas parcas tentativas de acerto? Seus míseros grãos de qualquer sentimento, seus escassos rompantes de sinceridade, sua amargura.

Começo a pensar que tudo o que existia em nós era compaixão. Eu via sua amargura e você a minha e a gente tentava se aliviar, eu te ajudei muito mais, enquanto minha amargura só crescia.
Não, eu não tinha pena de você, mas eu sei que eu precisava tirar aquela névoa da sua vida.

Hoje sei, que aquela sua amargura, na verdade, não existia. Não havia nada de dor e sofrimento ali, só um profundo desejo de se fazer de vítima. Eu era uma vítima também, daqueles sentimentos me fiz refém. Então eu vejo, não com prazer, que você repetiu tanto que era infeliz e amargurado sem ser, que agora não consegue se mover de tanta dor. Repito, não me sinto vingada, não me sinto feliz, mas não posso interferir no caminho que você trilhou. Antes eu achava mais que minha obrigação te salvar do caos, hoje não mais.

Amargurada fui eu com meu otimismo, amargurada fui eu, por anos insistir, lutar, cair e me levantar sempre indo ao encontro da velha frustração.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Labirinto

Estava sentada à mesa de jantar com minha mãe. Olhei para o prato de comida e soltei um sonoro suspiro de dor. Imediatamente ela perguntou:
- Onde dói? Seu corpo tá doendo por conta dos exercícios físicos? - perguntou preocupada
- Não mãe! Antes fosse! Meu físico está ótimo, a dor que eu sinto é na alma.

O silêncio se instalou e logo tive uma epifania:

... Qual a razão para toda essa falta de fé, tristeza, desânimo? Por que essa medonha companheira, chamada dor, insiste em viver na minha cola? Todos tentam me dar os diagnósticos mais variados:
Os psicólogos acreditam que a raiz dos meus problemas está na minha falta de relação com meu pai. Nas consultas, quando me perguntam por minha família e digo que meus pais são separados, todos, sem excessão, atribuem minha personalidade de hoje a esse fato que segundo eles, marcou profundamente minha infância. Não tenho certeza se foi esse o motivo que desencadeou toda a crise, pois a minha infância foi ótima, mesmo com esse fato do qual eu não tinha plena consciência. Na minha adolescência é que talvez ele tenha ganho formas mais definidas, quem sabe só agora o inconsciente começou a tomar consciência do fato.
Todos os especialistas sentenciam: Sua solução é retomar laços com ele, procure-o! Mal sabem eles que ir atrás e receber de volta a indiferença é pior do que permanecer nessa inércia.
Já os médicos dizem que meu problema é depressão, causada não por relações familiares interrompidas, mas pela pressão do dia-a-dia, os meus neurotransmissores não estão sabendo lidar com a carga que é virar adulta e assumir a própria vida. Já me receitaram antidepressivos, ansiolíticos, mas nenhum deles me fez sentir melhor. Me recomendaram o relaxamento e a desaceleração da vida. Quando eles falam parece tão fácil. Para isso acontecer eu tenho que me livrar primeiro da inércia e do desânimo, isso eles não me ensinam. Como chegar ao fim que eles querem sem ter os meios?
Os religiosos da família dizem que meu problema é falta de missa e de oração. Dizem que se eu parasse mais de me preocupar com os "mistérios do que não pode ser entendido", eu me sentiria melhor. Já disseram que racionalidade demais não me fará entrar em contato com as divindades. Porém, não dá pra não pensar, não dá pra esquecer tudo o que está acontecendo e esperar que as coisas se resolvam, fingindo que minha alma está em paz quando tudo ao meu redor está fora do lugar.
Um quarto diagnóstico diz respeito à minha mediunidade e ao fato de eu estar em contato com o plano físico e espiritual, simultaneamente. O que acaba me deixando vulnerável a influências e trocas de energia com outros seres supostamente não tão evoluídos. Segundo os espíritas, eu deveria desenvolver e educar minha mediunidade, talvez assim eu me sentisse melhor e mais equilibrada.
E agora, José? Em meio a tantos diagnósticos e previsões, qual será a solução? Infância? Pressão da vida adulta? Falta de reza ou espiritualidade desequilibrada? Eu mesma já desisti de apostar no que quer que fosse... Quem sabe existe uma quinta causa/problema/solução/diagnóstico e que ninguém ainda percebeu. Isso é tão confuso quanto um labirinto, talvez eu tenha que ficar presa a isso por mais um bom tempo...

Entre silêncios e garfadas fui interrompida:
- Tá calada, tá tudo bem com você? - perguntou minha mãe
- Ah sim! Só estava tentando descobrir o quinto diagnóstico.
- Quinto, o que? - perguntou confusa
- Nada não! Termine seu jantar, vou ficar bem! Afinal é sempre isso que todos nós queremos, mesmo que uns tenham vocação para a felicidade e outros não.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sobre a glória do amor


Sempre fui de acreditar no amor, embora pagasse um preço caro por isso, afinal nem sempre dá pra ser feliz. Costumava viver minhas paixões de forma intensa, como se cada dia fosse o último, mas graças a uns bons tapas na cara percebi que nem sempre faziam o mesmo por mim.
Por muito tempo vivi pela metade, sentindo, mas não podendo expressar, afinal eu sabia que para algumas pessoas aquilo não faria diferença alguma. Até tive meus rompantes de desespero, mas adiantou alguma coisa? Não. Eles só passavam a me encarar como uma louca sentimental e carente.
Um dia cansei de tudo isso, decidi, a contragosto que deixaria essa coisa de amor pra lá, não perderia mais meu tempo com algo que só me trazia dor. Claro que algumas vezes o plano não dava certo e eu chorava sozinha. Porém, nada que pudesse me trazer maiores consequências. Amor é coisa de afortunado, não era pra mim.
Mesmo repetindo a mesma mentira e fazendo de tudo para acreditar nela, no fundo eu sabia que as coisas não eram tão fáceis. Eu precisava me livrar da nuvem negra que pairava minha cabeça, dar um pouco de luz a esse breu. Eu queria simplicidade, sorrisos e dias de sol.
Foi então que o conheci. No momento mais penoso ele me apareceu como aquele raio de sol depois de uma tempestade. No dia que o vi, mal podia imaginar que tudo o que eu precisava estava ali, com quem eu não trocava mais que um "Oi".
Ele resolveu me ver com outros olhos, eu o vi com outros olhos e assim nos encontramos, como se estivéssemos esperando um pelo outro por toda a vida.
Nosso encontro não parecia real, minha mente pessimista se recusava a acreditar. Porém, o medo se dissipou rápido. Ele trouxe a segurança que eu precisava para seguir adiante sem vacilar e nem me esconder em um canto qualquer da estrada. Ele me trouxe motivos para sorrir e secou minhas lágrimas.
Saborear o amor, pela 1ª vez na vida, sem o fantasma da mágoa foi reconfortante. Agora eu tenho um lugar onde me abrigar da tempestade, sem ter que correr na chuva em busca de proteção.
Dessa vez eu fui, sem medos, sem reservas, sem silêncios, de peito aberto e cara lavada ao encontro daquele que me trouxe a paz novamente, aquele que apagou todo o antes e constrói um durante e um depois gloriosos.